terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Estar, continuar

Estava tentando estudar/trabalhar, mas como sempre, a vontade maior é de escrever. Na escrita, a catarse, ou o pensamento mais tênue. Hoje, o segundo, por uma amiga querida que decidiu casar-se. E isso é algo que se decida ou uma evolução natural de um relacionamento que deu certo?
Penso em tudo que significa estar com alguém e querer continuar com alguém transformando estes dois verbos de ligação em essenciais a qualquer frase. Estar ali... aconteça o que acontecer, estar e continuar, simplesmente porque é o que se quer; por mais que muitos não acreditem. Não há motivos visíveis ou palpáveis. Não há justificativas racionais. Há um sentimento intenso, um desejo, uma certeza de que nada mais importa, mas estar e continuar.
Estar no seu tão popular significado de "poder contar com", em todos os sentidos. Continuar implicitando manter vivos os sentimentos que construiram a bela história de amor. Continuar acreditando no amor, continuar confiando, continuar vencendo as barreiras - que as vezes surgem naturalmente, como qualquer estrada da vida; outrora são imposta pelas pessoas que nos cercam, e, às vezes temorosamente surgem em nós mesmos ou no outro.
Meu pensamento vaga quando penso na minha amiga. Estará linda e feliz, eu sei, no seu vestido branco. E seu sorriso, que já é doce, será mel nos corações mais amargos porque emanará sua felicidade.
Estar, minha amiga.... com quem você escolheu, com quem escolheu você... e continuar, permanecer lembrando a cada manhã da trilha de sentimentos lindos que te trouxe até aqui.
Felicidades!

domingo, 21 de novembro de 2010

Noites da infância

Quando eu era pequena passava horas sem dormir a pensar como se adormecia. Queria ver o sono chegar. É sério, queria mesmo. Acontece que as horas é que chegavam, passavam e nada do sono chegar. Lembro-me que ficava ansiosa pela presença do sono, pela sua chegada; até porque, enquanto o sono não vinha, mil espécies de monstros povoavam assustadoramente a minha imaginação. E que imaginação!! Ainda bem que tinha minhas irmãs! Ah! Na hora que o monstro chega, nada melhor do que uma irmãzinha... Dormíamos as 3 no mesmo quarto entre beliches numa eterna reforma que meu pai promovia na casa jurando um quarto pra cada uma. No fundo acho que não ia gostar muito da idéia, uma vez que a mais medrosa era eu, a levantar noite após noite e procurar a cama de minha irmã mais velha. Lembro do cheiro dela, lembro de enterrar meu nariz nos seus cabelos e do seu cobertor quentinho e de sufocá-la com um abraço de pernas e braços até ela finalmente me expulsar irritada da sua cama... rs. É... mas ainda tinha a irmã mais nova (ainda assim mais corajosa que eu); e, embora não achasse que ela me inspirava muita proteção, ao menos não estava sozinha.
Por essas e outras, nunca me deixavam assistir nenhum filme de terror e suspense. Minha irmã mais velha me mandava logo pro quarto. O que ela não sabia era que a minha imaginação era pior do que qualquer "Chuck" ou "A volta dos mortos vivos". Do quarto eu ouvia os sons e imaginava tudo 10 vezes pior. Fora os 30 dias sem dormir por assistir E.T. de steven Spilberg... rsrsrsrsrsrsrs

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

No pé da Serra, a Chuva

É bom olhar a chuva da minha janela. Chuva na telha, chuva na terra, cheiro de chuva. É bom apreciar a serra nublada, a alegria dos campos secos. Delicioso poder voltar ao bom vinho seco, quando o ar que se respira está suficientemente úmido.
Ah, um bom vinho! Gosto de uva, cheiro de chuva. Leve tontura, tênue luminosidade do dia que se acaba ao cair da tarde. E depois o sono. E depois o sonho.
Vejo as luzes da cidade, lá ao longe, ao pé da serra. Vejo o verde comemorar o céu, o céu celebrar o rio, o rio tocar os pés do homem, o homem sublimemente sorrir.
Leve brisa em meus cabelos, o gosto da uva nos lábios, o cheiro da chuva nos pulmões... deixo meu corpo levitar longe; deixo a chuva lavar minh'alma já liberta.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eu, substantivo



Inutilmente tento conjugar-me
Mas sou substantivo
Passivo predicativo do sujeito
Objeto que tenta
direta ou indiretamente
classificar-se
Dependente e sem sentido
se não conjugada
uma ação comigo
Mas,sintaticamente função aplico
e completo, mudo, intensifico, explico.

domingo, 15 de agosto de 2010

Ridículo

Sou completamente contra postagens curtas a lá twitter.
Mas nessa vou ser curta e grossa.
Não há nada mais ridículo e irritante do que o filme "A caixa".
E tenho dito.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Completude


Por um instante
a vida deitou-se
e ela assistia aquela cena.
A vida, que tanto almejara
Estava viva e ali deitava.
Olhava pacifica e ternamente
a vida que dormia mas queria,
pelas suas mãos ser acordada.
Ela estava trêmula
felicidade ou completude
qual seria seu sentimento?
Sim! Completar-se-ia com a vida
aquela que aos seus pés
sonhava ser vivida.
Seu coração palpitava forte
qual a força das suas atitudes
e precauções antes "fundamentadas"
Mas não lhe cabiam razões
os Porquês não mais lhe sustentavam
Algo Maior chegara
aquilo com que não se preocupar
A vida estava ali
para acordá-la só um toque...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Encontros e Despedidas



Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
(Milton Nascimento e F Brant)
- Ei, de que se trata a letra dessa música?
- Acho que do que diz desde o título mesmo. Encontros e Despedidas, chegadas e partidas
- Acho que vai além... Sei não, acho que ele fala de vida e morte. De quem é a música?
- Milton Nascimento
- Viu...? Tem a esposa dele que morreu...
- Eu acho que são as chegadas e partidas da vida (dele) mesmo. "tem gente que chega pra ficar/Tem gente que vai pra nunca mais"
- Pode ser. Mas Estação pode ser o Ponto de Transcendência.
- E Milton Nascimento é espírita?
- Deve ser. Bota aí no Google pra ver. 
- O Google já sabe até a religião das pessoas? :-O


(Foto: Fábio Campos - www.zaratustranosertao.blogspot.com)

sábado, 31 de julho de 2010

Chuva

Há tempos não faz sol
e a chuva bate tenra na minha janela
acordando-me com algum pranto
Alguma alegria, alguma tristeza
Algo de bom
filminho na tv
cheirinho de criança
cobertor de lã
Algo de ruim
trincos em casa
paisagens limitadas
- de novo, esquadros
Chuva fina
Reflexão
Em se plantando tudo dá
dá só mais um tempo
e a primavera nasce aqui
em um arco-íris riscando o céu de concreto
em uma flor brotando
onde nenhuma outra ousaria surgir

quinta-feira, 22 de julho de 2010

" No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento..."




Andei pensando...
Não sei porque o termo "cavalice" para definir atitudes grosseiras da raça humana.
Acho os cavalos extremamente elegantes. Ademais, carregam o peso do mundo nas costas quando são requisitados a fazê-lo, não costumam morder, nem picar, nem bicar. Não proferem palavras agressivas (até porque não falam...rs), nem são de fazer muito barulho.
Por outro lado, o cavalo sim costuma receber açoites, laços no pescoço e chutes com espora e tudo em seu ventre. É quando então ele enfim reage com uma "cavalice".
Portanto, deixem os cavalos em paz. Nós, humanos somos bem piores.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Para minha mãe


Tanto tempo sem tempo de escrever por aqui.
Acabei de ler emocionada o texto que minha mãe me deu de presente de aniversário (http://baudadina.blogspot.com/2010_07_13_archive.html). E ela havia me dito que não tinha tido o bendito tempo para me comprar um presente. O melhor para mim é que ela nem notou o tempo precioso que gastou para me dar o melhor dos presentes - a expressão de seu sentimento. Pouco me importa se ela não perdeu tempo a rodar shoppings imaginando o que precisaria/desejaria ganhar de aniversário. O presente que ela me oferece não tem preço. E é também atemporal e imperecível. Ela de novo me leva às lágrimas por ser rara. Sim, rara é toda expressão de sentimentos neste universo selvagem; e mais raras ainda as pessoas capazes de expor o sentimento que muitas vezes machuca, outras tantas sopra como leve brisa anestesiando a ferida aberta .
Hoje eu quero apenas que ela saiba que sempre foi a mãe que se propôs a ser - superprotetora, sim, mas eu duvido que minha mãe fosse feliz sendo de outra forma, duvido que fosse feliz sem saber que fez o impossível para proteger sua cria de qualquer chance de infelicidade. Então, sim, todas as suas "inconviniências" e "erros" estão mais que justificados e perdoados.
Mãe, você é e sempre foi fiel ao seu senso de justiça. A mim resta tentar desenvolver meu próprio senso de justiça agora. A ambas de nós, basta nunca se deixar  esquecer quem é o maior e melhor Juiz e entregar nossas vidas nas mãos Dele, para que nunca exista aquela que parte e aquela que fica. Para que sempre exista a continuidade de uma na outra, ultrapassando todos os limites da compreensão humana.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uma pausa ao entendimento

Hoje quero a longa pausa
para mais uma vez entender
o que faz amor antigo,
por anos camuflado, agora explícito
mera mentira a alimentar conviniências

Amor inconviniente.
"Amo-te, mas não te quero"
"não te quero, tu me forças"
a ímpetos, destemperos, devaneios
Não! minha "personalidade" não te "permite"
"Tu escravizas-me, em nada liberta"
Amor inconviniente, ou por imaturo mero
amor mal entendido?

Mas antes de tentar decifrar
que do passado cerca meu amor
Decidi arriscar dele aceitar
antes tudo o que é bom
Aqui sigo eu plantando dia a dia
o alicercere do amor puro, qual sonhei
sem mágoas de mentiras ou traição

Mas a meu amor
é este cada vez mais dificil crer
e de novo estou eu deslocada entre os futuros amantes
que se amam sem compromisso, em idas em vindas
eos antigos amantes, discrentes,
ansiosos a mostrar suas feridas abertas
as quais nem sempre consigo cicatrizar

Cá estou novamente na estação
onde os feridos partem a seus antigos amores,
onde os amantes fugazes viajam a busca de "novas paisagens"
Enquanto eu vejo mais uma vez "o céu sumir"

E se menos pertenço ao universo do "não dito"
tampouco ao nemodernismo das entrelinhas
Cada vez julgo mais impossível a mim amar
sem semear gradual minha destruiçao
cada dia mais próxima...

"e se se morre de amor"
aqui estou eu a esperar, por suas palavras
Findar meu amor, a que me traz menos dor
o leve adormecer da morte

terça-feira, 15 de junho de 2010

Acredite
As vezes beira o impossivel
por horas é mais que ininteligível
Mas acredite
Há um lugar pra vc no mundo
e vários momentos pra vc no tempo
e acima de tudo,
suas escolhas
são suas
seu caminho ... vc traça
e se as vezes tudo parece sem sentido
e se as vezes a paisagem é monótona
e se as vezes vc viaja sozinho
e se as vezes vc é tomado de uma vontade imensa de chegar
chegar, chegar.... aonde?
Respire e tente... aguardar e confiar
Acredite
Acredite
Em Deus, em Alah, em Buda, em Osho, em Jeová...
ou simplesmente, em vc e na sua espiritualidade
Desprenda-se das convenções
Entregue-se às paixões
e encontre um dia alguém que goste de vc.
Que queira passar os dias com vc
Que harmonicamente compartilhe momentos únicos com vc
então relaxe...
acalme seu coração
descanse em seu porto - ei, que mal há em descansar, héin?
Ancore seu barco
e assista o pôr-do-sol
Tenha sempre tempo
pq o tempo passa...
mas vc não precisa passar
Vc pode ficar
Vc pode viver
em toda sua completude
Vc pode ser feliz...
Nós podemos ser felizes
e certamente seremos
A escolha está sempre diante de nós
O destino é a desculpa ideal para os fracos...
Não há destino, nem coincidências
Há sim, oportunidades
A vida está cheia delas...
Trate de agarrar a sua... mas lembre-se sempre:
"Quem não sabe o que procura, não reconhece o que acha"