sábado, 15 de outubro de 2011

Tem dias que a gente...

Nos anos 60, Chico Buarque cantava: "Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu/ A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?" Pois é, nem é novidade dizer que ele estava e continua certo.
Tem dias que tudo parece o avesso do que pensávamos ser. E nestas ocasiões, tentar agradar, parece cada vez mais inútil. As pessoas não se importam. Agem como se nós estivéssemos envoltos em uma dura carapaça, como se nossa natureza estivesse pronta a aguentar qualquer tipo de ofensa ou humilhação por motivo algum, por pura nobreza, sei lá o quê. Enquanto isso, apodrecemos, morremos por dentro, até sentirmos nossa alma partir para longe, criar um universo paralelo, onde aquelas mesmas pessoas talvez fossem melhores conosco, onde se importassem com nossos sentimentos, nosso estado físico e psíquico... partir ou morrer, diria Chico - não deixaria de ser mais uma defesa da alma contra a agressividade
do mundo que nos cerca. Morrer obviamente como uma conotação a abster-se e levar a vida como um zumbi - morte da alma que colocamos, tolos, em tudo que fazemos pelo próximo. Partir, abstrair, não estar aqui, criar um lugar pra fugir diante do que nos agride a alma.
Tem dias que a gente se sente...
Tem dias que a gente desejaria não sentir.
Mas,  lá no fim do túnel, eis que uma luz se acende como farol e nós somos levados para casa. Lá descansa sim o melhor exílio, o porto seguro, o amor raro, que confia em você de olhos vendados, quando todo o resto do mundo não se importa com seu caráter. Enfim, relaxar na confiança de quem te ama de verdade, não tem preço, e é acima de tudo o maior dos presentes